A esposa do Espírito Santo


Quando falamos em Pentecostes falamos também da presença especial de Maria, a esposa do Espírito Santo, que estava unida aos Apóstolos em oração (Cf. At 1, 4-5.14).  Pensando nisso, podemos nos perguntar qual a relação dela e do Espírito. 
Separamos alguns trechos do livro ‘Maria, um espelho para a Igreja’, de Frei Raniero Cantalamessa, onde podemos entender um pouco melhor a presença, a ação e a intimidade de Maria e o Espírito Santo.

“Maria aparece unida ao espírito Santo por um vínculo objetivo, pessoal e indestrutível: a pessoa mesma de Jesus que juntos geraram, ainda que mediante contribuições totalmente diferentes. Para manter separados Maria e o Espírito Santo é preciso dividir o próprio Cristo, no qual as suas diferentes operações se concretizam e objetivam para sempre. Queiramos ou não chamar Maria de esposa do Espírito Santo, o certo é que Jesus uniu Maria e o Espírito muito mais do que qualquer filho uniu entre si seu pai e sua mãe. Se qualquer filho, por sua simples existência, proclama que seu pai e sua mãe estiveram unidos um instante segundo a carne, este filho, que é Jesus proclama que o Espírito Santo e Maria estiveram unidos ‘segundo o Espírito’, e por isso de maneira indestrutível. Também na Jerusalém celeste  Jesus ressuscitado continua sendo aquele que foi gerado ‘pelo Espírito Santo e pela Virgem Maria’. Também na Eucaristia, recebemos aquele que foi ‘gerado pelo Espírito Santo e pela Virgem Maria’ “.
“Nela (Maria) o Espírito Santo realizou a maior de suas ações prodigiosas, suscitou não uma palavra de sabedoria, não uma visão, não um sonho, não uma profecia, mas a vida do Messias. (...) Sobre os profetas a Palavra de Deus ‘vem’, isto é a Palavra torna-se neles ‘realidade ativa’. Em Maria a Palavra estabelece morada, não se torna ‘realidade ativa’, mas se faz carne. (...) O que o Espírito Santo operou em Maria pode e deve ser considerado como um carisma; o carisma mais alto que jamais foi concedido a uma criatura humana. (...) Segundo São Paulo Apostolo, carisma é ‘uma manifestação particular do Espírito em proveito comum’ (I Cor 12,7). Que manifestação foi mais para proveito comum do que a maternidade de Maria?”
“Maria não foi só o ‘lugar’ onde Deus agiu. Deus não trata as pessoas como lugares, mas exatamente como pessoas, isto é, como colaboradores e interlocutores. ‘O Senhor nada faze sem revelar o seu segredo aos profetas seis servos' (Am 3,7 )."
“Como conseguiu resistir o coração de Maria à tensão criada por um tal pensamento: “tu és a mãe do Messias”. (...) Maria não caiu, certamente pela graça de Deus, mas pela graça de Deus que nela não foi de modo algum “vã”. (...) Maria arranca elogia de Lutero: ‘Um espírito assim (isto é, puro)  é o que mostra aqui a mãe de Deus, Maria, porque na superabundância de bens não se apega a eles, não procura seu próprio interesse, mas guarda seu espírito intato no amor e no louvor de Deus. (...) Esta simplicidade-humildade é o que ajuda o portador de um carisma a pôr-se na atitude certa, de liberdade mas também de submissão, diante da instituição e da hierarquia.”

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