Numa recente manhã de segunda feira fui surpreendido com a notícia da morte de Osama Bin Laden, o líder da Al Queda e principal terrorista deste século. O fato ocupou o centro dos noticiários no mundo inteiro, com destaque para as pessoas que, especialmente nos Estados Unidos, celebravam entusiasticamente aquele assassinato.
Na verdade, assustei-me com aquela celebração da morte. Parecia um grito uníssono de “Hosana!”. Ou seria de “Osama!”? Ou quem sabe, ainda, de “Obama!”, cuja popularidade subia nas proximidades de uma eleição? Justamente na Páscoa, o tempo da ressurreição! Senti como se este tempo sagrado estivesse sendo distorcido, agredido até. Fui tomado por um calafrio sorrateiro, como se uma nuvem de frieza invadisse o clima pascal no qual eu estava inserido.
Quis relevar. Tentei compreender o que se passa na cabeça e no coração de um povo que perdeu centenas de compatriotas no ataque terrorista mais nefasto da história. É muito difícil chegar a essa compreensão. Mas é fácil entender o que ocorreu objetivamente e perceber que o mentor de um episódio como o de 11 de setembro de 2001 não pode ser bem visto, nem o mal que ele fez pode ser atenuado.
Por isso, não critico os americanos e nem ninguém. Apenas me estarreço diante daquilo que está subjacente a tudo: o júbilo perante a morte. Uma espécie de comemoração, onde ninguém é capaz de perceber o seu caráter mórbido e triste. Um festejo diante de um fato que em nada soluciona o complicado problema do terrorismo. Talvez até o agrave, caso suscite retaliação. “A que ponto chegamos?”, perguntei-me.
Recusei-me a aderir àquele clima que parece persistir, dada a insistência dos meios de comunicação em torno da notícia e de seus desdobramentos. Até quando a mídia terá interesse na morte de Osama Bin Laden? Talvez até o fim da Páscoa. Lamentavelmente! De minha parte, agarrei-me mais fortemente ao espírito pascal. Desejei-o como nunca antes tinha desejado. “Viva a Ressurreição!”, gritei interiormente. E continuarei gritando até o dia em que não haverá mais morte, o dia, enfim, em que só celebraremos a vida. A Páscoa eterna, em que nem a grafia nos confundirá. Será Hosana! Nem Osama, nem Obama.
Ronaldo José de Sousa