É NESTE SÁBADO!!!

O “sim” que transforma

Deus em sua infinita misericórdia quis que uma única mulher, Maria, contribuísse para a vida, da mesma forma que uma mulher contribuiu para a morte. E também com uma livre cooperação, ou seja, era neces-sário que Maria desse o seu FIAT (Sim)...“eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lucas 1, 38).

Com o 'Sim' de Maria se cumpre a promessa do Pai e se instaura a vida nova para toda a humanidade, pela vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Maria não hesitou em aceitar o propósito de vida que o Senhor lhe colocara através do anjo.
Por que colocou o anúncio do anjo como um propósito de vida? Para podermos tomá-la como exemplo em nossa vida, pois o anúncio do anjo acompanhara toda a vida da jovem de Deus. Assim como hoje aquilo que o Senhor propõe para a nossa vida (propósito de vida) também vai conduzir a nossa história de vida, de outros e quem sabe da humanidade.

Maria foi corajosa, porque encontrou Graça diante de Deus como discorre na anunciação. Hoje nós também somos chamados a “achar” graça diante Dele. E somente estando e permancendo diante de Deus que encontraremos graça. Como fazemos isso? Tendo uma constante e verdadeira vida de oração, pela escuta da Palavra, pela freqüência nos sacramentos, pela conversão de vida e do coração.

Nossa Senhora deu o seu 'Sim' e ainda colhemos os frutos. Maria teve sua vida mudada e hoje nós a veneramos por conta de sua coragem de entregar-se totalmente  a Deus. Na nossa vida pode ser que o Senhor não nos peça tanto, como pediu à Ela. Mas olhando os frutos de Deus na vida desta mulher, ousemos nós também pela oração e fidelidade encontrar graça Diante da Santíssima Trindade. Graça esta de viver a vontade do Pai nas pequenas coisas e nas grandes que Ele nos pede.

O Sim de Maria impactou diretamente em nossa vida! Tenha a coragem de hoje também dar o seu 'sim' ao Senhor, crendo como Maria. E com  certeza Deus irá além de onde os seus olhos possam ver agora.

“Meu justo viverá da fé” (Hb 10,38a)

Amados irmãos, é comum hoje percebermos a dificuldade de muitos em acreditar na Palavra de Deus. Talvez seja por perceber que muitas pessoas mentem, trapaceiam e corrompem, é que estamos perdendo a credibilidade nos outros e transferimos este mesmo sentimento para Deus.

No entanto, a Palavra de Deus, que não mente, nos diz que sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11,6). A Bíblia está repleta de situações que mostram o que Deus foi capaz de fazer na vida daqueles que Nele confiaram.

Foi pela fé que Abraão, contrariando a lei da natureza acreditou em Deus e  pode ver sua mulher que era considerada estéril, conceber um filho na sua velhice (Cf. Gn 21,2). Também foi pela fé que Abraão, obedecendo a ordem de Deus, levou seu filho para ser sacrificado e este ao lhe perguntar onde estava a ovelha para o sacrifício, ouviu de seu pai: 'Deus, providenciará ele mesmo uma ovelha para o holocausto' (Gn 22,8). E o Senhor poupou seu filho do sacrifício, porque viu a fé de Abraão que esperou confiantemente na Sua providencia.

Vivemos num mundo onde tudo acontece muito rápido. A modernização dos meios de comunicação, dos transportes e tantas outras coisas fazem com que queiramos que Deus aja da mesma forma conosco, e nos atenda prontamente quando o invocamos, pois achamos que muitas vezes Ele deve estar ao nosso serviço quando deve ser justamente o contrário.

Amados irmãos, que mantenhamos a nossa fé cada vez mais viva, pela leitura da Palavra de Deus, que não pode nos enganar. Na palavra de Deus, encontramos o alimento o sustento e o remédio para cada dia das nossas vidas. Foram assim  que os Santos da igreja mantiveram sua  fé acesa e puderam suportar as tribulações e alcançaram o céu.

Tenha fé na Palavra de Deus e você verá as Suas promessas se cumprindo na sua vida. Fique na paz!

Testemunho de amor!

"O Bom Deus me deu um pai e uma mãe mais dignos do Céu que da terra"
Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face (Carta de 26.7.1897)
Le couple Martin  
Os pais de Santa Teresinha, Louis e Zélie Martin, que foram beatificados em 19 de outubro de 2008, eram cristãos ferverosos. Empenharam-se em transmitir a fé a seus filhos e são considerados pela Igreja como"testemunho exemplar de amor conjugal, um modelo para estimular nos lares a prática integral das virtudes Cristãs" (Cardeal Saraiva Martins).


Louis e Zélie são também testemunhos de que o matrimônio também é caminho de santificação. A vida conjugal deve ser vivida em plenitude, sem reservas dos esposos. Abaixo você poderá ler um das cartas trocadas pelo casal. O cuidado, o pensamento, o zelo e amor estiveram sempre presentes entre eles.


 “Meu querido Luiz,

 Chegamos ontem às quatro e meia da tarde. O meu irmão, que estava na estação à nossa espera, ficou radiante quando nos viu. Ele e a mulher fazem o quanto podem para nos arranjar distrações. Hoje, domingo, há uma bela recepção aqui em casa, à noite, em nossa homenagem. Amanhã, segunda-feira, haverá um grande banquete na casa da senhora Maudelond e, possivelmente, um passeio de carro à casa de campo da senhora Fournet. As pequenas andam encantadas. Se o tempo estivesse bom, seria para elas o auge da felicidade. Mas eu sou mais custosa de desarmar. Nada disso me interessa! Ando exatamente como os peixes que tu tiras para fora da água: já não estão no seu ambiente, não lhes resta senão morrer. Creio que era o que me aconteceria se a minha permanência aqui tivesse sido prolongada… Acompanho-te em espírito a toda hora. Digo para mim mesma: “Neste momento está a fazer isto ou aquilo”.Quanto me tarda ver-me junto de ti, meu querido Luiz! Amo-te de todo o meu coração e sinto que o meu afeto aumenta com a privação da tua presença que tanto sinto. Seria impossível para mim viver separada de você. Esta manhã assisti a três missas. Fui às das seis, fiz a ação de graças e rezei as minhas orações durante a das sete, e voltei à missa cantada. O meu irmão não está descontente com os negócios que não vão mal. Diz a Leônia e a Celina que lhes mando muitos beijos saudosos e que levarei para elas uma lembrança de Lisieux.

 Verei se é possível escrever-te amanhã, mas não sei a que horas voltaremos de Trouville. Escrevo  com muita pressa porque estão à minha espera para ir fazer visitas. Regressamos na quarta-feira à tarde, às sete e meia. Como me parece distante! Beijo-te com muito amor. As filhinhas recomendam-me que te diga que estão muito contentes por terem vindo a Lisieux e que te mandam muitos beijos.

(Carta de Zélia a Luiz, de 31 de agosto de 1873). (p.57).



“Vem e segue-me!” (Mt 19, 21)

Encontramos hoje, em nossa sociedade moderna uma grande preocupação na capacitação  em uma profissão, em sermos especialistas em um determinado assunto ou  pelo menos fazer bem, algo que nos dê destaque, para que possamos ter o nosso sustento. Muitas vezes ouvimos que a solução para esta preocupação está em encontrarmos aquilo que gostamos de fazer, pois será este o requisito que contri-buirá para o sucesso do nosso trabalho.

Tudo isso que expusemos é verdadeiro e tem seu valor em nossa vida. Contudo, Nosso Senhor nos aponta uma realidade muito mais profunda, que não se exprime somente em realizar bem um trabalho, mas torna-se um chamado a sermos alguém e isso toca mais profundo de nossa identidade. Em nossos dias os meios de comunicação ou a própria mentalidade social não propõem um questionamento do que sou chamado a ser, no mínimo, a sociedade nos impõem padrões de capacidade profissional que devem ser cumpridos como meio de  uma realização pessoal. O Senhor vem nos indicar que o “nosso coração está inquieto e só repousará Nele”, assim, a capacitação em uma área profissional é de grande importância, no entanto, é muito pouco para saciar o coração humano do desejo de plenitude, isto é, de realização.

Devemos nos perguntar: - Qual é o sentido da minha vida? - O que Deus  quer de mim? Pois o Senhor veio ao mundo para nos ensinar a sermos verdadeiros homens e mulheres. Nossa vida será realmente fecunda quando nos decidimos responder a vontade de Deus a nosso respeito. Por isso, não tenhamos medo em escutar a voz do Senhor que nos oferece o tesouro da nossa vocação, sim é um tesouro escondido, que necessita ser descoberto, mesmo que para isso tenhamos que nos esforçar, gastar tempo e até perder-mos outras coisas, com a certeza da alegria em permanecermos só com o Senhor, nossa maior riqueza, e assim, seremos o que Deus pensa de nós, seremos felizes! Deus te chama para vida com Ele!

Nota da CNBB sobre o aborto de Feto “Anencefálico”

Referente ao julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB lamenta profundamente a decisão do Supremo Tribunal Federal que descriminalizou o aborto de feto com anencefalia ao julgar favorável a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 54. Com esta decisão, a Suprema Corte parece não ter levado em conta a prerrogativa do Congresso Nacional cuja responsabilidade última é legislar.

Os princípios da “inviolabilidade do direito à vida”, da “dignidade da pessoa humana” e da promoção do bem de todos, sem qualquer forma de discriminação (cf. art. 5°, caput; 1°, III e 3°, IV, Constituição Federal), referem-se tanto à mulher quanto aos fetos anencefálicos. Quando a vida não é respeitada, todos os outros direitos são menosprezados, e rompem-se as relações mais profundas.

Legalizar o aborto de fetos com anencefalia, erroneamente diagnosticados como mortos cerebrais, é descartar um ser humano frágil e indefeso. A ética que proíbe a eliminação de um ser humano inocente, não aceita exceções. Os fetos anencefálicos, como todos os seres inocentes e frágeis, não podem ser descartados e nem ter seus direitos fundamentais vilipendiados!

A gestação de uma criança com anencefalia é um drama para a família, especialmente para a mãe. Considerar que o aborto é a melhor opção para a mulher, além de negar o direito inviolável do nascituro, ignora as consequências psicológicas negativas para a mãe.   Estado e a sociedade devem oferecer à gestante amparo e proteção.

Ao defender o direito à vida dos anencefálicos, a Igreja se fundamenta numa visão antropológica do ser humano, baseando-se em argumentos teológicos éticos, científicos e jurídicos. Exclui-se, portanto, qualquer argumentação que afirme tratar-se de ingerência da religião no Estado laico. A participação efetiva na defesa e na promoção da dignidade e liberdade humanas deve ser legitimamente assegurada também à Igreja.

A Páscoa de Jesus que comemora a vitória da vida sobre a morte, nos inspira a reafirmar com convicção que a vida humana é sagrada e sua dignidade inviolável.
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, nos ajude em nossa missão de fazer ecoar a Palavra de Deus: “Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19).

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB

Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB


Acesse também:
- http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=285879 (No Estado laico, direitos fundamentais podem ser desrespeitados?)
- http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=285890 ("Nem tudo o que é lei é ético, moral e justo", destaca Cardeal)

A votação

Dos seis ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que votaram ontem, 11 de abril, durante o julgamento de ação que pede a liberação do aborto de fetos com anencefalia, somente um foi favorável à vida desses seres humanos que apresentam malformação. O julgamento será retomado hoje, quinta-feira, dia 12, a partir das 14h, para que os outros quatro ministros votem. A decisão do STF valerá para todos os casos semelhantes e os demais órgãos do poder público serão obrigados a respeitá-la.

Os ministros Marco Aurélio Mello, Rosa Weber, Joaquim Barbosa, Luiz Fux e Cármen Lúcia foram favoráveis à descriminalização do aborto em casos em que o feto apresenta anencefalia. Apenas Ricardo Lewandowski foi contra. Faltam ainda os votos dos ministros Ayres Britto, Gilmar Mendes, Celso de Mello e do presidente do STF, ministro Cezar Peluso. O ministro Dias Toffoli se declarou impedido de votar porque, quando era advogado-geral da União, se manifestou publicamente a favor da liberação.

Apesar de, em seus discursos, alguns ministros ressaltarem que o Supremo não está discutindo a legalização do aborto de modo geral ou obrigando mulheres grávidas de fetos anencéfalos a interromper a gestação, sabe-se que um anteprojeto de reforma do Código Penal — propondo a ampliação dos casos de permissão legal para o aborto, sem, no entanto, descriminalizar a prática — tramita no Congresso Nacional, e esta decisão do STF pode abrir precedente para as outras formas que vêm sendo propostas também serem aprovadas.

O ministro Ricardo Lewandowski, ao se posicionar contra a liberação do aborto de anencéfalos, afirmou que o Supremo não pode interpretar a lei com a intenção de “inserir conteúdos”, sob pena de “usurpar” o poder do Legislativo, que atua na representação direta do povo, e alertou para o risco de tal decisão implicar em futuras interrupções de gestações nas quais os fetos tenham outros tipos de doença.
— Uma decisão judicial isentando de sanção o aborto de fetos anencéfalos, ao arrepio da legislação existente, além de discutível do ponto de vista científico, abriria as portas para a interrupção de gestações de inúmeros embriões que sofrem ou viriam a sofrer de outras doenças genéticas ou adquiridas, que de algum modo levariam ao encurtamento de sua vida intra ou extra-uterina, afirmou.


Plenário debate o que a ciência diz sobre anencefalia?

Além das questões jurídicas, o plenário do Supremo parece ainda debater o que diz a ciência sobre a anencefalia. O julgamento defendeu o ponto de vista de que a Corte discute se é crime interromper a gestação de um feto que, segundo a opinião de alguns especialistas, não tem chances de vida fora do útero, embora haja divergência de opiniões técnicas sobre o assunto e muitos relatos de vidas por meses e até anos.

O advogado Luís Roberto Barroso, que defende os interesses da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde no processo, afirmou durante o julgamento que "não é aborto" a interrupção da gravidez nesses casos. Ele sustenta que no feto anencefálico "não há vida em sentido técnico".

— A interrupção nesses casos não é aborto. Então, não se enquadra na definição de aborto do Código Penal. O feto anencefálico não terá vida extra-uterina. No feto anencefálico, o cérebro sequer começa a funcionar. Então não há vida em sentido técnico e jurídico. De aborto não se trata, afirmou durante sua sustentação oral no plenário do STF.
No entanto, conforme explicou o médico e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj Rodolfo Acatauassu, em entrevista exclusiva aos veículos de comunicação desta Arquidiocese, há equívocos nessa interpretação:

— Essa ação não tem fundamento do ponto de vista médico, porque, segundo ela, uma criança com anencefalia não teria possibilidade de vida extrauterina. Outro aspecto equivocado é acreditar que na anencefalia a pessoa não tem encéfalo. A anencefalia é caracterizada pela falta de parte do encéfalo, não do encéfalo como um todo. Sendo assim, a criança com anencefalia pode respirar, chorar, movimentar-se, deglutir e ir para sua casa com seus familiares. A sobrevida dessas crianças por enquanto é pequena, porém, há notícias de sobrevida um pouco maiores de meses e de mais de dois anos. Podemos dizer, até por prudência, que enquanto uma investigação mais aprofundada não for feita, é necessário prestar atenção nesses casos de maior sobrevida na anencefalia. Por isso que esse julgamento no STF não tem cabimento, porque a tese de que não se trata de abortamento porque não há essa possibilidade de vida extrauterina está equivocada, explicou o médico.
— Eu ainda espero por um milagre, por uma intervenção divina. Porque aos meus olhos parece absurdo que os ministros desconsiderem as muitas manifestações populares e pesquisas de opinião que já foram feitas sobre o assunto, destacando que o brasileiro é a favor da vida também dos anencéfalos, e se baseiem apenas em seus próprios valores e conceitos para decidir algo tão importante quanto a vida de alguém indefeso, desabafou a estudante de Comunicação Social Alice Rodrigues.


Fonte: http://www.arquidiocese.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm

Vigília pela Vida na Arquidiocese do Rio

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou na última Sexta-feira Santa, dia 06, uma carta a todos os bispos do país, convocando para uma Vigília de Oração pela Vida em 10 de abril, dia anterior ao julgamento sobre a descriminalização do aborto de anencéfalos – casos em que o feto tem má formação no cérebro. Em unidade com a CNBB, o Arcebispo desta Arquidiocese, Dom Orani João Tempesta, solicita ao clero e a todos os fiéis que se desdobrem em orações para que a vida seja respeitada e preservada em todas as circunstâncias:



Rio de Janeiro, 09 de abril de 2012.
Revmos. Párocos, Vigários e Administradores Paroquiais
Arquidiocese do Rio de Janeiro

Caríssimo colaborador e amigo,

Neste Sábado Santo recebi da CNBB a convocação para uma Vigília de Oração pela Vida, que foi dirigida a todas as (Arqui)Dioceses, em função do julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a descriminalização do aborto de fetos anencéfalos. A Arquidiocese do Rio de Janeiro acolheu o pedido e programamos a Vigília para amanhã, dia 10/4 à noite, véspera do julgamento.

O assunto recebe o nosso apoio, sob a forma de urgente colaboração de todas as nossas paróquias, que deverão convocar os seus fiéis para se reunirem amanhã à noite em suas respectivas comunidades, formando uma Vigília que unirá, pela oração e o propósito de defender a vida, todo o povo do Rio de Janeiro.

Conto com sua adesão à realização deste evento, para o qual envio o texto por mim aprovado para a Hora Santa, que servirá de base para motivar as orações.
Agradeço antecipadamente o empenho dessa comunidade, à qual envio minha benção amiga, unido a todos nesta luta pelos direitos de nossos irmãos mais indefesos.

D. Orani João Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano do Rio de Janeiro




Fonte: http://www.arquidiocese.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm  (Acesse o roteiro para a Hora Santa da Vigília pela Vida e participe junto da sua comunidade)

Entendendo a Tríduo Pascal

Queridos Irmãos,

A Paz!

Aproximam-se as celebrações da Semana Santa, mas será que sabemos ou lembramos o verdadeiro sentido, o que cada dia vem trazer a nós?

Pensando nisso separamos um pronunciamento** do Santo Padre, o Papa Bento XI, que será luz para nós! Desejamos que você também possa mergulhar no mistério da Cruz e da Ressurreição de Nosso Senhor e Slavdor, Jesus Cristo, e que essa Páscoa não seja apenas 'mais uma' em sua vida, que seja nova, que seja vivida em profundidade! Vai valer a pena!

"Queridos irmãos e irmãs

Chegamos à vigília do Tríduo Pascal. Os próximos três dias são comummente chamados "santos" porque nos fazem reviver o acontecimento central da nossa Redenção; reconduzem-nos de fato ao núcleo essencial da fé cristã: a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. São dias que poderíamos considerar como um único dia: eles constituem o coração e o fulcro de todo o ano litúrgico assim como da vida da Igreja. No final do itinerário quaresmal, preparamo-nos também nós para entrar no próprio clima que Jesus viveu então em Jerusalém. Queremos despertar em nós a profunda memória dos sofrimentos que o Senhor padeceu por nós e prepararmo-nos para celebrar com alegria, no próximo domingo, "a verdadeira Páscoa, que o Sangue de Cristo cobriu de glória, a Páscoa na qual a Igreja celebra a Festa que está na origem de todas as festas", como diz o Prefácio para o dia de Páscoa no rito ambrosiano.

Amanhã, Quinta-Feira Santa, a Igreja revive a Última Ceia, durante a qual o Senhor, na vigília da sua paixão e morte, instituiu o Sacramento da Eucaristia e o do Sacerdócio ministerial. Naquela mesma noite Jesus deixou-nos o mandamento novo, "mandatum novum", o mandamento do amor fraterno. Antes de entrar no Tríduo Sagrado, mas já em estreita ligação com ele, terá lugar em cada Comunidade diocesana, amanhã de manhã, a Missa Crismal, durante a qual o Bispo e os sacerdotes do presbitério diocesano renovam as promessas da Ordenação. São também abençoados os óleos para a celebração dos Sacramentos: o óleo dos catecúmenos, o óleo dos enfermos e o sagrado crisma. É um momento muito importante para a vida de cada comunidade diocesana que, reunida em volta do seu Pastor, fortalece a própria unidade e a sua fidelidade a Cristo, único Sumo e Eterno Sacerdote. À noite, na Missa em Cena Domini revive-se a Última Ceia, quando Cristo se deu a todos nós como alimento de salvação, como remédio de imortalidade: é o mistério da Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã. Neste Sacramento de salvação o Senhor ofereceu e realizou para todos os que crêem n'Ele a mais íntima união possível entre a nossa e a sua vida. Com o gesto humilde e expressivo como nunca do lava-pés, somos convidados a recordar quanto o Senhor fez aos seus Apóstolos: lavando os seus pés proclamou de modo concreto a primazia do amor, amor que se faz serviço até à doação de si mesmos, antecipando assim também o sacrifício supremo da sua vida que se consumará no dia seguinte no Calvário. Segundo uma bonita tradição, os fiéis encerram a Quinta-Feira Santa com uma vigília de oração e de adoração eucarística para reviver mais intimamente a agonia de Jesus no Getsémani.

A Sexta-Feira Santa é o dia em que revivemos a paixão, crucifixão e morte de Jesus. Neste dia a liturgia da Igreja não prevê a celebração da Santa Missa, mas a assembleia cristã reúne-se para meditar o grande mistério do mal e do pecado que oprimem a humanidade, para repercorrer, à luz da Palavra de Deus e ajudada por comovedores gestos litúrgicos, os padecimentos do Senhor em expiação deste mal. Depois de ter ouvido a narração da paixão de Cristo, a comunidade reza por todas as necessidades da Igreja e do mundo, adora a Cruz e aproxima-se da Eucaristia, consumando as espécies conservadas da Missa em Cena Domini do dia anterior. Como ulterior convite a meditar sobre a paixão e morte do Redentor e para expressar o amor e a participação dos fiéis nos sofrimentos de Cristo, a tradição cristã deu vida a várias manifestações de piedade popular, procissões e representações sagradas, que têm por finalidade imprimir cada vez mais profundamente no coração dos fiéis sentimentos de verdadeira participação no sacrifício redentor de Cristo. Entre elas sobressai a Via Crucis, prática piedosa que no decorrer dos anos se enriqueceu por numerosas expressões espirituais e artísticas relacionadas com a sensibilidade das diversas culturas. Surgiram assim em muitos países santuários com o nome de "Calvaria", aos quais se chega através de uma íngreme subida que recorda o caminho doloroso da Paixão, permitindo que os fiéis participem na subida do Senhor ao Monte da Cruz, o Monte do Amor levado até ao fim.

O Sábado Santo distingue-se por um profundo silêncio. As Igrejas estão desornamentadas e não são previstas particulares liturgias. Enquanto aguardam o grande acontecimento da Ressurreição, os crentes perseveram com Maria na expectativa rezando e meditando. De facto, há necessidade de um dia de silêncio, para meditar sobre a realidade da vida humana, sobre as forças do mal e sobre a grande força do bem que brota da Paixão e da Ressurreição do Senhor. É atribuída grande importância neste dia à participação no Sacramento da reconciliação, caminho indispensável para purificar o coração e predispor-se para celebrar intimamente renovados a Páscoa. Pelo menos uma vez por ano precisamos desta purificação interior, desta renovação de nós mesmos. Este Sábado de silêncio, de meditação, de perdão, de reconciliação desemboca na Vigília Pascal, que introduz o domingo mais importante da história, o Domingo da Páscoa de Cristo. A Igreja vela ao lado do novo fogo abençoado e medita a grande promessa, contida no Antigo e no Novo Testamento, da libertação definitiva da antiga escravidão do pecado e da morte. Na escuridão da noite o círio pascal, símbolo de Cristo que ressuscita glorioso, é aceso pelo fogo novo. Cristo, luz da humanidade, afasta as trevas do coração e do espírito e ilumina cada homem que vem ao mundo. Ao lado do círio pascal ressoa na Igreja o grande anúncio pascal: verdadeiramente Cristo ressuscitou, a morte já não tem poder algum sobre Ele. Com a sua morte Ele derrotou o mal para sempre e fez dom a todos os homens da própria vida de Deus. Por uma antiga tradição, durante a Vigília Pascal, os catecúmenos recebem o Baptismo, para ressaltar a participação dos cristãos no mistério da morte e da ressurreição de Cristo. Da resplandecente noite de Páscoa, a alegria, a luz e a paz de Cristo irradiam-se na vida dos fiéis de cada comunidade cristã e alcançam todos os pontos do espaço e do tempo.

Queridos irmãos e irmãs, nestes dias singulares orientemos decididamente a vida para uma adesão generosa e convicta aos desígnios do Pai celeste; renovemos o nosso "sim" à vontade divina como fez Jesus com o sacrifício da cruz. Os sugestivos ritos da Quinta-feira Santa, da Sexta-Feira Santa, o silêncio rico de oração do Sábado Santo e a solene Vigília Pascal oferecem-nos a oportunidade para aprofundar o sentido e o valor da nossa vocação cristã, que brota do Mistério Pascal e de a concretizar no seguimento fiel de Cristo em cada circunstância, como Ele fez, até à doação generosa da nossa existência.
Reviver os mistérios de Cristo significa também viver em profunda e solidária adesão ao hoje da história, convictos de que quanto celebramos é realidade viva e actual. Tenhamos portanto presente na nossa oração a dramaticidade de factos e situações que nestes dias afligem tantos irmãos nossos em todas as partes do mundo. Sabemos que o ódio, as divisões, as violências nunca têm a última palavra nos acontecimentos da história. Estes dias reanimam em nós a grande esperança: Cristo crucificado ressuscitou e venceu o mundo. O amor é mais forte que o ódio, venceu e devemos associar-nos a esta vitória do amor. Portanto, devemos partir de novo de Cristo e trabalhar em comunhão com Ele para um mundo fundado sobre a paz, sobre a justiça e sobre o amor. Neste empenho, que a todos compromete, deixemo-nos guiar por Maria, que acompanhou o Filho divino pelo caminho da paixão e da cruz e participou, com a força da fé, na concretização do seu desígnio salvífico. Com estes sentimentos, formulo desde agora os votos mais cordiais de feliz e santa Páscoa a todos vós, aos vossos entes queridos e às vossas Comunidades. "


* O tríduo pascal, memória dos ‘últimos passos de Jesus, “começa com a missa vespertina na Ceia do Senhor, possui o seu centro na vigília pascal e encerra-se com as vésperas do domingo da ressurreição” . É a páscoa do Senhor, celebrada sacramentalmente em três dias: Sexta-feira da paixão, sábado da sepultura e domingo da ressurreição. É chamado “tríduo pascal, porque com a sua celebração se torna presente e se cumpre o mistério da páscoa, isto é, a passagem do Senhor deste mundo ao Pai” .
** AUDIÊNCIA GERAL - Sala Paulo VI - Quarta-feira, 19 de Março de 2008 (fonte: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/audiences/2008/documents/hf_ben-xvi_aud_20080319_po.html

Convite à verdadeira alegria!




Mensagem

XXVII Dia Mundial da Juventude
«Alegrai-vos sempre no Senhor!» (Fil 4,4)



Queridos jovens,

Fico feliz em dirigir-me novamente a vocês, em ocasião do XXVII Dia Mundial da Juventude. A recordação do encontro em Madri, em agosto passado, permanece muito presente no meu coração. Foi um extraordinário momento de graça, no qual o Senhor abençoou os jovens presentes, vindos do mundo inteiro. Dou graças a Deus por tantos frutos que fez nascer naqueles dias e que no futuro não deixarão de multiplicar-se para os jovens e para as comunidades as quais pertencem. Agora, estamos já nos orientando para o próximo encontro no Rio de Janeiro, em 2013, que terá como tema “Ide, pois, fazei discípulos entre todas as nações!” (Mt 28, 19).

Este ano, o tema do Dia Mundial da Juventude nos é dado de uma exortação da Carta de São Paulo apóstolo aos Filipenses: “Alegrai-vos sempre no Senhor!” (4,4). A alegria, de fato, é um elemento central da experiência cristã. Também durante cada Jornada Mundial da Juventude fazemos a experiência de uma alegria intensa, a alegria da comunhão, a alegria de ser cristãos, a alegria da fé. Esta é uma das características destes encontros. E vemos a grande força atrativa que essa tem: num mundo muitas vezes marcado pela tristeza e inquietude, é um testemunho importante da beleza e da confiabilidade da fé cristã.

A Igreja tem a vocação de levar ao mundo a alegria, a alegria autêntica e duradoura, aquela que os anjos anunciaram aos pastores de Belém na noite do nascimento de Jesus (cfr Lc 2,10): Deus não só falou, não só realizou prodígios na história da humanidade, mas Deus se fez próximo, fazendo-se um de nós e percorreu todas as etapas da vida do homem.

No difícil contexto atual, tantos jovens em torno a nós têm uma grande necessidade de sentir que a mensagem cristã é uma mensagem de alegria e de esperança! Gostaria de refletir com vocês, então, sobre as estradas para encontrá-la, a fim que possam vivê-la sempre mais em profundidade e que vocês possam ser mensageiros entre aqueles que estão a sua volta.

1. O nosso coração é feito para a alegria
A inspiração à alegria está impressa no intimo do ser humano. Além da satisfação imediata e passageira, o nosso coração busca a alegria profunda, plena e duradoura, que pode dar ‘sabor’ à existência. E aquilo que vale, sobretudo, para vocês, para a juventude é um período de continua descoberta da vida, do mundo, dos outros e de si mesmos. É um tempo de abertura em direção ao futuro, no qual se manifestam os grandes desejos de felicidade, de amizade, de partilha e de verdade, no qual si é movido por ideais e se concebem projetos.

E cada dia são tantas as alegrias simples que o Senhor nos oferece: a alegria de viver, a alegria diante da beleza da natureza, a alegria de um trabalho bem feito, a alegria do serviço, a alegria do amor sincero e puro. E se olhamos com atenção, existem tantos motivos de alegria: os belos momentos de vida familiar, a amizade partilhada, a descoberta das próprias capacidades pessoais e o alcance de bons resultados, o apreço por parte de outros, a possibilidade de expressar-se e de sentir-se capaz, a sensação de ser úteis ao próximo. E depois, a conquista de novos conhecimentos mediante os estudos, a descoberta de novas dimensões por meio de viagens e encontros, a possibilidade de fazer projetos futuros. Mas também a experiência de ler uma obra literária, de admirar um grande trabalho de arte, de escutar e tocar música ou de ver um filme podem produzir em nós verdadeiras alegrias.

Cada dia, porém, nos deparamos também com tantas dificuldades e nos corações existem preocupações para com o futuro, ao ponto que podemos nos perguntar se a alegria plena e duradoura a qual aspiramos não é talvez uma ilusão e uma fuga da realidade. São muitos os jovens que se interrogam: é realmente possível a alegria plena nos dias de hoje? E esta busca percorre várias estradas, algumas das quais se revelam erradas ou pelo menos perigosas. Mas como distinguir as alegrias realmente duradouras dos prazeres imediatos e enganosos? Como encontrar a verdadeira alegria na vida, aquela que dura e não nos abandona também nos momentos difíceis?

2. Deus é a fonte da verdadeira alegria
Na realidade as alegrias autênticas, aquelas pequenas do cotidiano ou aquelas grandes da vida, encontram toda sua origem em Deus, mesmo se não parece à primeira vista, porque Deus é comunhão de amor eterno, é alegria infinita que não permanece fechada em si mesma, mas se expande naqueles que Ele ama e que o amam. Deus nos criou à sua imagem por amor e para derramar sobre nós este Seu amor, para encher-nos com sua presença e sua graça.

Deus quer fazer-nos participantes de sua alegria, divina e eterna, fazendo-nos descobrir que o valor e o sentido profundo da nossa vida está no ser aceito, acolhido e amado por Ele, e não com uma acolhida frágil como pode ser aquela humana, mas com um acolhimento incondicional como é aquela divina: eu sou querido, tenho um lugar no mundo e na história, sou amado pessoalmente por Deus. E se Deus me aceita, me ama e eu me torno seguro, sei de modo claro e certo que é bom que eu seja, que exista.

Este amor infinito de Deus por cada um de nós se manifesta de modo pleno em Jesus Cristo. Nele se encontra a alegria que buscamos. No Evangelho, vemos como os eventos que marcam o início da vida de Jesus são caracterizados pela alegria. Quando o anjo Gabriel anuncia à Virgem Maria que será mãe do Salvador, inicia com esta palavra: “Alegra-te” (Lc 1,28). No nascimento de Jesus, o anjo do Senhor diz aos pastores: “Eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,11).

E os magos que procuravam o menino, “a aparição daquela estrela se encheram de profunda alegria” (Mt 2,10). O motivo desta alegria é, portanto, a aproximação de Deus, que se fez um de nós. E é isto que queria dizer São Paulo quando escreveu aos cristãos de Filipo: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo”. (Fil 4,4-5). A primeira causa da nossa alegria é a proximidade do Senhor, que me acolhe e me ama.

E, de fato, do encontro com Jesus nasce sempre uma grande alegria interior. Nos Evangelhos podemos ver isso em muitos episódios. Recordamos a visita de Jesus a Zaqueu, um cobrador de impostos desonesto, um público pecador, ao qual Jesus diz: “é preciso que eu hoje fique em tua casa”. E Zaqueu, diz São Lucas, “recebeu-o alegremente” (Lc 19,5-6). É a alegria do encontro com o Senhor; é o sentir o amor de Deus que pode transformar toda a existência e levar a salvação. E Zaqueu decide mudar de vida e dar a metade de seus bens aos pobres.

Na hora da paixão de Jesus, este amor se manifesta em toda sua força. Nos últimos momentos de sua vida terrena, na ceia com os seus amigos, Ele diz: “Como o pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor... Disse-vos essas coisas para que a minha alegria seja completa” (Jo 15,9.11). Jesus quer introduzir seus discípulos cada um de nós na alegria plena, aquela que Ele partilha com o Pai, porque o amor com o qual o Pai o ama esteja em nós (cfr. Jo 17,26). A alegria cristã é abrir-se a este amor de Deus e pertencer a Ele.

Narram os Evangelhos que Maria Madalena e outras mulheres foram visitar a tumba onde Jesus foi colocado depois de sua morte e receberam de um Anjo o anuncio incrível, aquele de sua ressurreição. Então deixaram rapidamente o sepulcro, escreve o evangelista, “com certo receio, mas ao mesmo tempo com alegria” correram para dar boa notícia aos discípulos. E Jesus veio ao encontro deles e disse: “Salve!” (Mt 28,8-9). É a alegria da salvação que é oferecida a eles: Cristo vive, é Aquele que venceu o mal, o pecado e a morte. Ele está presente em meio a nós como o Ressuscitado, até o fim do mundo (cfr Mt 28,20). O mal não deu a última palavra sobre a nossa vida, mas a fé em Cristo Salvador nos diz que o amor de Deus vence.

Esta alegria profunda é o fruto do Espírito Santo que nos torna filhos de Deus capazes de viver e de provar sua bondade, de voltar-nos a Ele com o termo “Abbà”, Pai (cfr Rm 8,15). A alegria é sinal de sua presença e de sua ação em nós.

3. Conservar no coração a alegria cristã
Neste ponto, nos perguntamos: como receber e conservar este dom da alegria profunda, da alegria espiritual?

Um Salmo nos diz: “Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração” (Sal 37,4). E Jesus explica que “o Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai vende tudo o que tem para comprar aquele campo” (Mt 13,44). Encontrar e conservar a alegria espiritual nasce do encontro com o Senhor, que pede para segui-Lo, para fazer a escolha decisiva de voltar tudo para Ele.

Queridos jovens, não tenhais medo de colocar à disposição toda a vossa vida, dando espaço para Jesus Cristo e seu Evangelho; é a estrada para haver a paz e a verdadeira felicidade no íntimo de nós mesmos, é a estrada para a verdadeira realização de nossa existência de filhos de Deus, criados à Sua imagem e semelhança.

Busquem a alegria no Senhor: a alegria da fé, é reconhecer cada dia sua presença, sua amizade: “O Senhor está próximo!” (Fil 4,5); é colocar nossa confiança Nele, é crescer no conhecimento e no amor Dele. O ‘Ano da fé’, que daqui alguns meses iniciaremos, será para nós ajuda e estímulo. Queridos amigos, aprendam a ver como Deus age em suas vidas, descubram-O escondido no coração dos acontecimentos do seu cotidiano. Creiam que Ele é sempre fiel à aliança que fez convosco no dia do vosso batismo. Saibam que não vos abandonará jamais. Volteis sempre o olhar para Ele. Na Cruz, doou sua vida porque ama cada um de vocês.

A contemplação de um amor assim grande leva aos nossos corações uma esperança e uma alegria que nada pode abater. Um cristão não pode ser jamais triste porque encontrou Cristo, que deu a vida por ele.

Buscar o Senhor, encontrá-lo na vida, significa também acolher sua Palavra, que é alegria para o coração. O profeta Jeremias escreve: “Vossa palavra constitui minha alegria e as delícias do meu coração” (Jer 15,16). Aprender a ler e meditar a Sagrada Escritura, ali encontra-se uma resposta às perguntas mais profundas de verdade que brotam em vossos corações e em vossas mentes. A palavra de Deus faz descobrir as maravilhas que Deus operou na história do homem e, pleno de alegria, abre-se ao louvor e à adoração: “Cantai ao Senhor... adoremos, de joelhos diante do Senhor que nos fez” (cfr Sal 95,1.6).

De modo particular, a Liturgia é um lugar por excelência no qual se exprime a alegria que a Igreja atinge do Senhor e transmite ao mundo. Cada domingo, na Eucaristia, a comunidade cristã celebra o Mistério central da salvação: a morte e ressurreição de Cristo. È este o momento fundamental para o caminho de cada discípulo do Senhor, no qual se rende presente o seu Sacrifício de amor; é a via na qual encontramos Cristo Ressuscitado, escutamos Sua Palavra, nos nutrimos de seu Corpo e Seu Sangue.

Um Salmo afirma: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!” (Salmo 117, 24). E na noite de Páscoa, a Igreja canta o Exultet, expressão de alegria pela vitória de Jesus Cristo sobre o pecado e a morte: “Exulta o coro dos anjos... Alegra-se a terra inundada de tão grande esplendor... e este templo todo ecoa para as proclamações do povo em festa!”. A alegria cristã nasce da consciência de ser amado por um Deus que se fez homem, que deu Sua vida por nós e venceu o mal e a morte; e é viver de amor para ele. Santa Teresinha do Menino Jesus, jovem carmelita, escreveu: “Jesus, minha alegria é amar-te!” (P. 45, 21 de janeiro de 1897, Op. Compl., pág. 708).

4. A alegria do amor
Queridos amigos, a alegria é intimamente ligada ao amor: são dois frutos inseparáveis do Espírito Santo (cfr Gal 5,23). O amor produz alegria, e a alegria é uma forma de amor. A beata Madre Teresa de Calcutá, fazendo ecoar as palavras de Jesus: “É maior felicidade dar que receber!” (At 20,35), dizia: “A alegria é uma rede de amor para capturar almas. Deus ama quem dá com alegria. E quem dá com alegria dá mais”. E o Servo de Deus Paulo VI escreveu: “Em Deus mesmo tudo é alegria, pois tudo é dom” (Exort. ap. Gaudete in Domino, 9 de maio de 1975).

Pensando aos vários ambientes da vida de vocês, gostaria de dizer-lhes que amar significa constância, fidelidade, ter fé nos empenhos. E este, em primeiro lugar, nas amizades: os nossos amigos esperam que sejamos sinceros, leais, porque o verdadeiro amor é perseverante também e, sobretudo, nas dificuldades. E o mesmo vale para o trabalho, os estudos e as atividades que desempenham. A fidelidade e a perseverança no bem conduzem à alegria, mesmo que ela não seja sempre imediata.

Para entrar na alegria do amor, somos chamados também a ser generosos, a não nos contentarmos em dar o mínimo, mas a empenhar-nos a fundo na vida, com uma atenção especial para com os mais necessitados. O mundo necessita de homens e mulheres competentes e generosos, que se colocam a serviço do bem comum. Empenhem-se nos estudos com seriedade; compartilhem seus talentos e os coloquem desde já a serviço do próximo. Busquem a maneira de contribuir para uma sociedade mais justa e humana, onde vocês estiverem. Que toda sua vida seja guiada pelo espírito do serviço, e não pela busca do poder, do sucesso material e do dinheiro.

A propósito da generosidade, não posso não mencionar uma alegria especial: aquela que se encontra na resposta à vocação de dar toda a vida ao Senhor. Queridos jovens, não tenham medo do chamado de Cristo para a vida religiosa, monástica, missionária ou ao sacerdócio. Estejam certos que Ele enche de alegria aquele que, dedicando a vida nesta perspectiva, responde ao seu envio deixando tudo para permanecer com Ele e dedicar-se de coração inteiramente a serviço dos outros. Do mesmo modo, grande é alegria que Ele reserva ao homem e à mulher que se doa totalmente um ou outro em matrimônio para constituir uma família e tornar-se sinal do amor de Cristo por sua Igreja.

Quero destacar novamente um terceiro elemento para entrar na alegria do amor: fazer crescer em suas vidas e na vida de suas comunidades a comunhão fraterna. Existe uma estreita ligação entre a comunhão e a alegria. Não é por acaso que São Paulo escreve sua exortação no plural: não se dirige a cada um singularmente, mas afirma: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fil 4,4). Somente juntos, vivendo a comunhão fraterna, podemos experimentar esta alegria. O livro dos Atos dos Apóstolos descreve assim a primeira comunidade cristã: “Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e simplicidade de coração” (At 2,46).  Empenhem-se vocês também a fim que as comunidades cristãs possam ser lugares privilegiados de partilha, de atenção e de cuidado um com o outro.

5. A alegria da partilha
Queridos amigos, para viver a verdadeira alegria é preciso também identificar com atenção quem está longe. A cultura atual induz muitas vezes a buscar objetivos, realizações e prazeres imediatos, favorecendo mais o inconstante que a perseverança no cansaço e a fidelidade aos empenhos.

As mensagem que vocês recebem impulsionam-lhes a entrar na lógica do consumo, provendo uma felicidade artificial. A experiência ensina que ter não coincide com a alegria: existem tantas pessoas que, mesmo tendo tantos bem materiais em abundância, estão sempre assombradas pelo desespero, pela tristeza e sentem um vazio na vida. Para permanecer na alegria, somos chamados a viver no amor e na verdade, a viver em Deus.

E a vontade de Deus é que nós sejamos felizes. Por isso, nos foram dadas indicações concretas para o nosso caminho: os Mandamentos. Observando-os, nós encontramos a estrada da vida e da felicidade. Mesmo que à primeira vista possa parecer um conjunto de proibições, quase um obstáculo à liberdade, se os meditamos mais atentamente, à luz da Mensagem de Cristo, estes são um conjunto de essenciais e preciosas regras de vida que conduzem a uma existência feliz, realizada segundo o projeto de Deus.

Quantas vezes, ao contrário, constamos que construir a vida ignorando Deus e Sua vontade leva à desilusão, tristeza, sensação de derrota. A experiência do pecado, como a recusa a segui-Lo, como uma ofensa à sua amizade, traz sombra aos nossos corações.

Mas se às vezes o caminho cristão não é fácil e o empenho de fidelidade ao amor do Senhor encontra obstáculos ou registra quedas, Deus, em sua misericórdia, não nos abandona, mas nos oferece sempre a possibilidade de retornar a Ele, de nos reconciliarmos com Ele, de experimentarmos a alegria do Seu amor que perdoa e acolhe novamente.

Queridos jovens, recorram sempre ao Sacramento da Penitência e da Reconciliação! Este é o Sacramento da alegria reencontrada. Peçam ao Espírito Santo a luz para saber reconhecer seus pecados e a capacidade de pedir perdão a Deus, recebendo este Sacramento com freqüência, serenidade e confiança. O Senhor abre sempre Seus braços a vocês, vos purificará e vos fará entrar em Sua alegria: Haverá alegria no céu mesmo que por um só pecador que se converte (cfr Lc 15,7).

6. A alegria nas provas
Por fim, porém, poderá permanecer em nosso coração a pergunta se realmente é possível viver na alegria mesmo em meio a tantas provas da vida, especialmente as mais dolorosas e misteriosas, se realmente seguir o Senhor, confiar-nos a Ele, temos sempre felicidade.

A resposta pode vir-nos de algumas experiências de jovens como vocês que encontraram justamente em Cristo a luz capaz de dar força e esperança, mesmo em meio às situações mais difíceis. O beato Pier Giorgio Frassati (1901-1925) experimentou tantas provas em sua breve existência, entre elas, uma relacionada à sua vida sentimental, que o feriu de maneira profunda. Justamente esta situação, escreve a sua irmã: “Você me pergunta se estou alegre; e como não poderia ser? A fé me dará sempre força para ser alegre! Todo católico não pode não ser alegre... A finalidade para a qual fomos criados nos mostra que o caminho está repleto de muitos espinhos, mas não um caminho triste: esse é a alegria mesmo em meio às dores” (Carta à irmã Luciana, Torino, 14 de fevereiro de 1925). E o beato João Paulo II, apresentando-o como modelo, dizia dele: “era um jovem de uma alegria contagiante, uma alegria que superava tantas dificuldades de sua vida” (Discurso aos jovens, Torino, 13 de abril de 1980).

Mais próxima a nós, a jovem Chiara Badano (1971-1990), recentemente beatificada, experimentou como a dor pode ser transfigurada pelo amor e ser misteriosamente habitada pela alegria. Aos 18 anos de idade, num momento em que o câncer a fazia particularmente sofrer, Chiara rezou para que o Espírito Santo intercedesse pelos jovens de seu Movimento [Movimento dos Focolares]. Antes de sua cura, pediu a Deus que iluminasse com Seu Espírito todos aqueles jovens, dando a eles a sabedoria e a luz: “Foi mesmo um momento de Deus: sofria muito fisicamente, mas a alma cantava” (Carta de Chiara Lubich, Sassello, 20 de dezembro de 1989). A chave de sua paz e sua alegria era a completa confiança no Senhor e a aceitação também de sua doença como misteriosa expressão de Sua vontade para o seu bem e de todos. Repetia sempre: “Se você quer, Jesus, eu também quero”.

São duas simples testemunham entre tantas que mostraram como o cristão autêntico não é nunca desesperado e triste, mesmo diante das provas mais duras e mostram que a alegria cristã não é uma fuga da realidade, mas uma força sobrenatural para enfrentar e viver as dificuldades cotidianas. Sabemos que Cristo crucificado e ressuscitado está conosco, é o amigo sempre fiel. Quando participamos de seus sofrimentos, participamos também de suas alegrias, Com Ele e Nele, o sofrimento é transformado em amor. E lá se encontra a alegria (cfr Col 1,24).

7. Testemunhas da alegria
Queridos amigos, para concluir, gostaria de exortar-lhes a serem missionários da alegria. Não se pode ser feliz se os outros não são: a alegria, portanto, deve ser compartilhada. Vão e contem aos outros jovens a alegria de vocês por terem encontrado aquele tesouro precioso que é o próprio Jesus. Não podemos guardar para nós a alegria da fé: para que esta possa permanecer conosco, devemos transmiti-la. São João afirma: “O que vimos e ouvimos, isso nós anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco... Estas coisas vos escrevemos, para que o vossa alegria seja plena. (1Jo 1,3-4).

Muitas vezes é descrita uma imagem do cristianismo como de uma proposta de vida que oprime a nossa liberdade, que vai contra nosso desejo de felicidade e de alegria. Mas esta não corresponde à verdade! Os cristãos são homens e mulheres realmente felizes porque sabem que nunca estão sozinhos, mas estão sempre apoiados pelas mãos de Deus! Cabem, sobretudo, a vocês, jovens discípulos de Cristo, mostrar ao mundo que a fé leva a uma felicidade e a uma alegria verdadeira, plena e duradoura. E se o modo de viver dos cristãos parece às vezes cansativo e chato, testemunhem vocês por primeiro a alegria e a felicidade da fé de vocês. O Evangelho é a boa nova que Deus nos ama e que cada um de nós é importante para Ele. Mostrem ao mundo que é mesmo assim!

Sejam, portanto, missionários entusiasmados pela nova evangelização! Levem àqueles que sofrem, àqueles que buscam, a alegria que Jesus quer doar. Levem-na para suas famílias, em suas escolas e universidades, nos lugares de trabalho e nos grupos de amigos, lá onde vivem. Vocês verão que essa é contagiosa. E receberam o cêntuplo: a alegria da salvação para vocês mesmos, a alegria de ver a Misericórdia de Deus operando nos corações.
No dia do seu encontro definitivo com o Senhor, ele poderá lhe dizer: “Servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu Senhor!” (Mt 25,21).

A Virgem Maria vos acompanha neste caminho. Ela acolheu o Senhor dentro de si e anunciou com um canto de louvor e de alegria, o Magnificat: “Minha alma glorifica o Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador” (Lc 1,46-47). Maria respondeu plenamente ao amor de Deus dedicando sua vida a Ele num serviço humilde e total. É chamada de “a causa da nossa alegria”, porque ela nos deu Jesus. Que Ela vos introduza nesta alegria que ninguém vos poderá tirar!

assinatura_bento