2013-10-26 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) - A Praça São Pedro foi cenário, na tarde deste
sábado, de um grande encontro de festa que reuniu famílias do mundo inteiro no
âmbito da peregrinação "Família, vive a alegria da Fé". Às 14h locais abriram-se
as entradas da Praça São Pedro para acolher milhares de pessoas que já numerosas
afluíam ao Vaticano.
O encontro desenvolveu-se com cantos e manifestações
musicais, apresentação de grupos à espera do Papa Francisco, que às 17h20 locais
chegou à Praça após passar pela Basílica Vaticana, sendo calorosamente acolhido
pela multidão que o aguardava.
O Papa foi recebido por um grupo de dez
crianças e por seus avós, sendo saudado por uma criança acompanhada da avó. Após
as boas-vindas ao Santo Padre feitas pelo presidente do Pontifício Conselho para
a Família, Dom Vincenzo Paglia, seguiram-se os testemunhos sobre as alegrias e
as dificuldades da vida familiar, o discurso do Papa e o ato de Profissão de Fé,
representando as famílias do mundo inteiro.
A seguir, na íntegra, o discurso
que o Papa dirigiu aos presentes:
"Queridas famílias, boa
tarde!
Bem-vindas a Roma!
Viestes, como peregrinas, de muitas partes do
mundo, para professar a vossa fé diante do túmulo de São Pedro. Esta praça
acolhe-vos e abraça-vos: somos um só povo, com uma só alma, convocados pelo
Senhor, que nos ama e sustenta. Saúdo também a todas as famílias que estão
unidas através da televisão e da internet: uma praça que se espraia sem
confins!Quisestes chamar a este momento «Família, vive a alegria da fé!» Gosto
deste título! Entretanto escutei as vossas experiências, os casos que contastes.
Vi tantas crianças, tantos avós... Pressenti a tristeza das famílias que vivem
em situação de pobreza e de guerra. Ouvi os jovens que se querem casar, mesmo
por entre mil e uma dificuldades. E então surge-nos a pergunta: Como é possível,
hoje, viver a alegria da fé em família?
1. No Evangelho de Mateus, há uma
palavra de Jesus que vem em nossa ajuda:
«Vinde a Mim todos os que estais
cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos» (Mt 11, 28). Muitas vezes a
vida é gravosa. Trabalhar é fatigante; procurar trabalho é fatigante. Mas,
aquilo que mais pesa na vida é a falta de amor. Pesa não receber um sorriso, não
ser benquisto. Pesam certos silêncios, às vezes mesmo em família, entre marido e
esposa, entre pais e filhos, entre irmãos.
Sem amor, a fadiga torna-se mais
pesada. Penso nos idosos sozinhos, nas famílias em dificuldade porque sem ajuda
para sustentarem quem em casa precisa de especiais atenções e cuidados. «Vinde a
Mim todos os que estais cansados e oprimidos», diz Jesus.
Queridas famílias,
o Senhor conhece as nossas canseiras e os pesos da nossa vida. Mas conhece
também o nosso desejo profundo de achar a alegria do lenitivo. Lembrais-vos?
Jesus disse: «A vossa alegria seja completa» (Jo 15, 11). Disse-o aos apóstolos,
e hoje repete-o a nós. Assim, esta é a primeira coisa que quero partilhar
convosco nesta tarde, e é uma palavra de Jesus: Vinde a Mim, famílias de todo o
mundo, e Eu vos hei-de aliviar, para que a vossa alegria seja completa.
2. A
segunda palavra, tomo-a do rito do Matrimônio. Neste sacramento, quem se casa
diz: «Prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na
saúde e na doença, todos os dias da nossa vida». Naquele momento, os esposos não
sabem quais são as alegrias e as tristezas que os esperam. Partem, como Abraão;
põem-se juntos a caminho. Isto é o matrimônio! Partir e caminhar juntos, de mãos
dadas, entregando-se na mão grande do Senhor.Com esta confiança na fidelidade de
Deus, tudo se enfrenta, sem medo, com responsabilidade. Os esposos cristãos não
são ingênuos, conhecem os problemas e os perigos da vida. Mas não têm medo de
assumir a própria responsabilidade, diante de Deus e da sociedade. Sem fugir nem
isolar-se, sem renunciar à missão de formar uma família e trazer ao mundo
filhos. - Mas hoje, Padre, é difícil… - Sem dúvida que é difícil! Por isso, vale
a graça do sacramento! Os sacramentos não servem para decorar a vida; o
sacramento do Matrimônio não se reduz a uma linda cerimônia! Os cristãos
casam-se sacramentalmente, porque estão cientes de precisarem do sacramento!
Precisam dele para viver unidos entre si e cumprir a missão de pais. «Na alegria
e na tristeza, na saúde e na doença». Eles, no seu Matrimônio, rezam juntos e
com a comunidade, porquê? Só porque é costume fazer assim? Não! Fazem-no, porque
lhes serve para a longa viagem que devem fazer juntos: precisam da ajuda de
Jesus, para caminharem juntos com confiança, acolherem-se um ao outro cada dia e
perdoarem-se cada dia.
Na vida, a família experimenta muitos momentos
felizes: o descanso, a refeição juntos, o passeio até ao parque ou pelos campos,
a visita aos avós, a uma pessoa doente... Mas, se falta o amor, falta a alegria,
falta a festa; ora o amor é sempre Jesus quem no-lo dá: Ele é a fonte
inesgotável, e dá-Se a nós na Eucaristia. Nela, Jesus dá-nos a sua Palavra e o
Pão da vida, para que a nossa alegria seja completa.
3. Está aqui, diante de
nós, este ícone da Apresentação de Jesus no Templo. É um ícone verdadeiramente
belo e importante. Fixemo-lo e deixemo-nos ajudar por esta imagem. Como todos
vós, também os protagonistas da cena têm o seu caminho: Maria e José puseram-se
a caminho, indo como peregrinos a Jerusalém, obedecendo à Lei do Senhor; e o
velho Simeão e a profetisa Ana, também ela muito idosa, vêm ao Templo impelidos
pelo Espírito Santo. A cena mostra-nos este entrelaçamento de três gerações:
Simeão segura nos braços o menino Jesus, em quem reconhece o Messias, e Ana é
representada no gesto de louvar a Deus e anunciar a salvação a quem esperava a
redenção de Israel. Estes dois anciãos representam a fé como memória. Maria e
José são a Família santificada pela presença de Jesus, que é o cumprimento de
todas as promessas. Cada família, como a de Nazaré, está inserida na história de
um povo e não pode existir sem as gerações anteriores.
Queridas famílias,
também vós fazeis parte do povo de Deus. Caminhai felizes, juntamente com este
povo. Permanecei sempre unidas a Jesus e levai-O a todos com o vosso testemunho.
Obrigado por terdes vindo. Juntos, façamos nossas estas palavras de São Pedro,
que nos têm dado força e continuarão a dar nos momentos difíceis: «A quem iremos
nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!» (Jo 6, 68). Com a graça de
Cristo, vivei a alegria da fé! O Senhor vos abençoe e Maria, nossa Mãe, vos
acompanhe!"
O encontro concluiu-se com a Profissão de Fé, seguida da oração
do Pai-Nosso e a Ave-Maria.
Fotos ©OLYCOM