As mulheres e a Igreja

O cristianismo desde suas origens sempre atraiu grande número de mulheres, e essas foram fundamentais para sua expansão, pois como diz o sociólogo americano Rodney Stark (2003): “uma das raízes que sustenta a expansão cristã é a caridade, sua maior virtude e a outra são as mulheres”. São muitos os exemplos de grandes homens que se converteram através de mulheres, como exemplo, podemos citar: Santo Agostinho, deveu sua conversão às orações de sua mãe, Santa Mônica e Constantino, primeiro imperador a permitir o culto cristão no império, que se converteu graças a sua mulher.

Na história do cristianismo ainda fica em evidência a grande quantidade de santas e de mártires, mulheres que morreram por amor a Igreja, mulheres que viveram a sua fé até o fim.

Se isso ainda não bastasse temos o fato que será o catolicismo a promover a autonomia das mulheres. Autonomia? Sim, é essa palavra mesmo, pois aonde mais, mulheres poderiam autogovernar comunidades religiosas? Na idade média, haviam hospitais, conventos e orfanatos todos mantidos por mulheres, isso nunca havia sido visto no mundo antigo, segundo Robert Phillips (2004).

Nesse período também se pode citar a coroação das rainhas, feita com a mesma dignidade dos reis, no caso da ausência desses, elas que exerciam o poder. Também temos o papel importante que algumas tiveram na história. Exemplo: Isabel I de Castela, a católica, que teve como um de seus feitos ter apoiado a expedição de Colombo. Outro exemplo que se pode citar, agora na idade moderna, é aqui no Brasil, a princesa Isabel, reconhecida católica, que teve como um de seus feitos a luta pela abolição dos escravos.

Por conta dessa valorização dada as mulheres pela Igreja, muitas desempenharam um notável papel. No período medieval temos a abadessa Heloísa do mosteiro do paráclito no século XII. Ela administrava um vasto território, e era reconhecida pela sua erudição. A abadessa Herrade de Landsberg, por exemplo, é autora da mais conhecida enciclopédia do século XII cujo título é “Hortus deliciarum” (jardim de delícias). Como exemplos contemporâneos temos: A grande Madre Teresa de Calcutá, um mulher incrível que viveu a serviço do evangelho e Zilda Arns fundadora da pastoral da criança, que também fez uma grande obra na Igreja e morreu a serviço do Evangelho.


Diante dessa breve exposição, torna-se evidente o quanto as mulheres foram e são importantes. Poderíamos aqui citar inúmeros exemplos de mulheres que continuam a dar o seu sim a Deus tal como fez Maria e temos certeza que você leitor também conhece inúmeras outras “Marias”.

Deixamos para reflexão algumas palavras do Beato João Paulo II, retiradas de uma carta* que fez destinada às mulheres:

“(...) Estou convencido, porém, que o segredo para percorrer diligentemente a estrada do pleno respeito da identidade feminina não passa só pela denúncia, apesar de necessária, das discriminações e das injustiças, mas também, e sobretudo, por um eficaz e claro projeto de promoção, que englobe todos os âmbitos da vida feminina, a partir de uma renovada e universal tomada de consciência da dignidade da mulher. Ao reconhecimento desta, não obstante os múltiplos condicionalismos históricos, leva-nos a própria razão, que capta a lei de Deus inscrita no coração de cada homem. Mas é sobretudo a Palavra de Deus, que nos permite identificar com clareza o radical fundamento antropológico da dignidade da mulher, apontando-o no desígnio de Deus sobre a humanidade.

7. Permiti-me, pois, caríssimas irmãs, que juntamente convosco, medite uma vez mais aquela página bíblica maravilhosa que mostra a criação do homem, e na qual se exprime bem a vossa dignidade e missão no mundo.

O Livro do Gênesis fala da criação, de modo sintético e com linguagem poética e simbólica, mas profundamente verdadeira: « Deus criou o homem à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou varão e mulher » (Gn 1, 27). O ato criador de Deus desenvolve-se segundo um preciso projeto. Antes de mais, diz que o homem é criado « à imagem e semelhança de Deus » (cf. Gn 1, 26), expressão que esclarece logo a peculiaridade do homem no conjunto da obra da criação.
Depois, diz que ele, desde o início, é criado como « varão e mulher » (Gn 1, 27). A mesma Sagrada Escritura fornece a interpretação deste dado: o homem, mesmo encontrando-se rodeado pelas inumeráveis criaturas do mundo visível, dá-se conta de estar só (cf. Gn 2, 20). Deus intervém para fazê-lo sair desta situação de solidão: « Não é conveniente que o homem esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele » (Gn 2, 18). Portanto, na criação da mulher está inscrito, desde o início, o princípio do auxílio: auxílio — note-se — não unilateral, mas recíproco. A mulher é o complemento do homem, como o homem é o complemento da mulher: mulher e homem são entre si complementares. A feminilidade realiza o « humano » tanto como a masculinidade, mas com uma modulação distinta e complementar.

Quando o Gênesis fala de « auxiliar », não se refere só ao âmbito do agir, mas também do ser. Feminilidade e masculinidade são entre si complementares, não só do ponto de vista físico e psíquico, mas também ontológico. Só mediante a duplicidade do « masculino » e do « feminino », é que o « humano » se realiza plenamente.

8. Depois de criar o homem, varão e mulher, Deus diz a ambos: « Enchei e dominai a terra » (Gn 1, 28). Não lhes confere só o poder de procriar para perpetuar no tempo o gênero humano, mas confia-lhes também a terra como tarefa, comprometendo-os a administrar os seus recursos com responsabilidade. O homem, ser livre e racional, é chamado a transformar a face da terra. Nesta tarefa, que é essencialmente a obra da cultura, tanto o homem como a mulher têm, desde o início, igual responsabilidade. Na sua reciprocidade esponsal e fecunda, na sua tarefa comum de dominar e submeter a terra, a mulher e o homem não refletem uma igualdade estática e niveladora, mas tampouco comportam uma diferença abissal e inexoravelmente conflituosa: a sua relação mais natural, conforme ao desígnio de Deus, é a « unidade dos dois », ou seja, uma « unidualidade » relacional, que permite a cada um de sentir a relação interpessoal e recíproca como um dom enriquecedor e responsabilizador.

A esta « unidade dos dois », está confiada por Deus não só a obra da procriação e a vida da família, mas a construção mesma da história. Se durante o Ano Internacional da Família, celebrado em 1994, a atenção se concentrou sobre a mulher como mãe, a Conferência de Pequim torna-se ocasião propícia para uma nova tomada de consciência da múltipla contribuição que a mulher oferece à vida inteira das sociedades e nações. É uma contribuição, inicialmente de natureza espiritual e cultural, mas também sócio-política e econômica. Devem realmente muito ao subsídio da mulher, os vários sectores da sociedade, os Estados, as culturas nacionais, e, em última análise, o progresso de todo o gênero humano!”


*’Carta de João Paulo II, às os mulheres’
Fonte: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/letters/documents/hf_jp-ii_let_29061995_women_po.html

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