Conduzidos pelo Amor


“Por isso, agora ainda – oráculo do Senhor –, voltai a mim de todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos de luto. Rasgai vossos corações e não vossas vestes; voltai ao Senhor, vosso Deus, porque ele é bom e compassivo, longânime e indulgente, pronto a arrepender-se do castigo que inflige.” (Jl 2, 12-1). Com essa Palavra iniciamos o tempo da Quaresma, tempo em que o Senhor nos exorta a voltar para Ele de todo o nosso coração; a viver a oração, o jejum e a esmola; a nos assemelharmos a Jesus, purificando-nos para celebrar o mistério de sua paixão, morte e ressurreição.
Todos nós pedimos sempre ao Senhor que nos dê a graça de crescer em intimidade e conhecimento dEle. Nossas orações são quase sempre pedindo intimidade e conhecimento de Deus, porque esse é o anseio de nosso coração e também o motivo pelo qual fomos criados: Deus nos criou para conhecê-lo e amá-lo. Sabendo deste anseio, o Bom Deus – que continuamente nos dá seus favores para estarmos com Ele – dá-nos o seu favor de forma especial na Quaresma: um “tempo favorável” (cf. 2 Cor 6, 2) para estarmos com Ele, sendo conduzidos pelo Amor. Isso nos mostra o quanto o Bom Deus está atento aos nossos anseios e necessidades. Sabendo que desejamos e necessitamos conhecê-lo, ter o nosso coração purificado e convertido, Ele nos conduz à vivência deste tempo.
Por vezes achamos que no tempo da Quaresma o Senhor nos conduz ao deserto para encontrar com a nossa perfeição, para encontrar com seres impecáveis. Não. Na Quaresma, o Senhor não deseja encontrar nada além de nossa humanidade. Ele deseja tocar no barro de nossa vida e modelá-la conforme a sua imagem, Ele deseja unir a Sua humanidade à nossa. Além de desejar encontrar a nossa humanidade, nossa pequenez, o Senhor também deseja encontrar em nós um amor grato, um amor que nos move a dar respostas concretas de gratidão e fidelidade ao Senhor.
A Quaresma é o tempo de conversão, sim! Mas uma conversão impulsionada por um coração grato e cheio de fé, que mantém os olhos no Amor e no Reino que Ele nos mereceu. A Quaresma é o tempo de gratidão ao Senhor, que mais uma vez olha para os seus pequeninos e nos estende o Seu favor. Que nós não recebamos a graça de Deus em vão – como nos exorta São Paulo, em 2 Cor 6, 1. Mas, com fé, respondamos ao Amor que não se poupou para nos dar a vida. E se nós cairmos, que a graça do perdão e do recomeço também não seja em vão. “Seja qual for o grau a que chegamos, o que importa é prosseguir decididamente.” (Fl 3, 16).

Nenhum comentário:

Postar um comentário