O Jovem Rico

  
Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe: ‘Uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me’. Ele entristeceu-se com essas palavras e foi-se todo abatido, porque possuía muitos bens.” (Mc 10, 21-2). O Evangelho de São Marcos nos conta a história do jovem rico de outra perspectiva. Nele encontramos um detalhe inexistente nos outros evangelhos: o amor. Não significa que nas outras narrativas deste episódio da vida de Jesus não houvesse amor. Pelo contrário! No Evangelho de São Marcos, porém, o Espírito Santo quis tornar explícito o amor daquele momento.

Por vezes, em nossas orações, pedimos ao Senhor que nos mostre, iluminados pela graça de Seu Espírito, os nossos “bens”, as nossas fraquezas, para que possamos melhorar e nos tornar cada vez mais semelhantes a Ele. O Senhor nos atende. Mas, como será que estamos encarando esses bens? O jovem rico dirigiu-se ao Senhor, perguntou-lhe o que deveria fazer para alcançar a vida eterna e obteve uma resposta de Jesus, que o indicou a observância dos mandamentos. O jovem respondeu que tudo isso já fazia desde a juventude, o que resultou na resposta do trecho que lemos logo acima.

         Toda resposta do Senhor, toda iluminação de Seu Espírito sobre nossas fraquezas, sobre onde nós devemos nos doar mais para avançarmos em nossa corrida rumo ao Céu, é precedida pelo Seu olhar de amor. O Senhor sabe que, sem Seu amor, abrir mão dos nossos “bens” e conhecer nossas fraquezas nos desanima, e até nos paralisa. Por isso, antes de mostrar-nos onde precisamos melhorar, por mais difícil que possa ser a descoberta e a conversão, o Senhor nos ama. Mas, como temos saído da presença do Senhor, que nos indica onde precisamos nos converter, nos esvaziar? Como o jovem rico do evangelho, temos saído tristes de Sua presença ou, como São Francisco de Assis – que também era um jovem rico –, temos saído alegres, movidos pela alegria da pobreza evangélica, rumo à conversão de vida e ao esvaziamento em direção ao outro? Nos apegamos aos nossos “bens”, preferindo a tristeza de não abrirmos mão de uma vivência de nossas fraquezas longe do amor de Deus, fazendo delas a nossa riqueza, ou entregamos ao Senhor o que temos, tal como apresentamos a Ele, na Santa Missa, as nossas ofertas, certos de que Seu amor transforma um simples pão e vinho em Seu corpo e em Seu sangue?

           O Senhor deseja para nós muito mais do que uma vivência vã das coisas da terra. Ele deseja dar-nos a perfeita e verdadeira alegria! Por isso, que nós possamos deixar que o amor de Deus penetre nossos corações, e, como São Francisco, sejamos os jovens ricos, que vendem tudo com alegria para alcançar e comunicar o maior tesouro que nós recebemos: o Reino!

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