Conversão de São Paulo


Entre tantas riquezas da Igreja, como não admirar São Paulo? E como não amá-lo? Se, começo escrever algo a respeito do Apóstolo, com certeza o início estará justamente no sentimento de amor/admiração que tenho para com ele e para com a maravilhosa obra que o Senhor fez em sua vida.

Deus, por um mistério de amor, escolhe homens que serão instrumentos e colaboradores na Sua obra de salvação. E assim, o assassino e perseguidor de cristãos foi transformado por Jesus em apóstolo anunciador do amor. Foi sua mão, antes manchada pelo sangue do corpo místico de Cristo, que escreveu um dos mais lindos hinos de amor. Paulo escreve a respeito de um amor concreto, que ele experimentou e por isso pode dizer, entre outras coisas, que o amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta e jamais acabará (I Cor 13, 7-8). 

No amor não há temor, São Paulo mostra em seus escritos que é movido por esse amor do alto, vivendo sem medo de Deus e dos homens. Seus sentimentos não eram escondidos, seus afetos eram inteiramente integrados a sua missão. Ele foi pai espiritual (cf. I Tm 1, 2), se comparou a uma mãe (cf. I Tes 2,7), tomou para si a imagem de uma mulher grávida que sente dores de parto, pois assim se sentia com relação àqueles que gerava para uma nova vida em Cristo (cf. Gl 4, 19). Ele chorou (cf. II Cor 2,4), ficou triste com os que estavam tristes e se alegrou com os que estavam alegres (cf. Rm 12,15); fez-se fraco para ganhar os fracos, fez-se de tudo para ganhar a todos e levá-los a salvação e tudo isso por causa do Evangelho (cf. I Cor 9, 22-23).

Esse herói da Igreja passou por diversas tribulações, mas até nelas se alegrava cheio de consolação (cf. II Cor 7,4). Muito sofreu, mas sabia da glória futura que o esperava (cf. Rm 8,18). De fato muitas vezes viu a morte de perto (cf. II Cor 11, 23), pensou que iria perder a vida (cf. II Cor 1,8) e até foi tido como morto (cf. At 14,19), no entanto sabia que a morte não teria a vitória (cf. I Cor 15,55). Ele também foi traído e desamparado por todos, mas não desanimou e recebeu assistência do Senhor que lhe deu forças (cf. II Tm 4, 16-17). Foi lançado na cadeia, mas não deixou que seu ministério ficasse preso e fez a Palavra de Deus correr, porque ela não se deixa acorrentar (cf. II Tm 2,9). Não possuía bens, mas sua fé estava guardada (cf. II Tm 4,7) na certeza de que nada poderia lhe afastar do amor de Deus (cf. Rm 8, 35-39). Em nenhuma situação esteve dominado pela timidez, pois tinha um espírito de adoção, e como uma criança chamava Deus carinhosamente: Aba! Pai! (cf. Rm 8,15).

Esse homem de Deus não teve receio em se colocar como modelo a ser seguido. Claro, indicando que antes ele próprio era imitador de Cristo. Isso porque ele não tinha a seu próprio respeito uma opinião maior do que convinha (cf. Rm 12, 3); sabia que não tinha chegado a perfeição, mas conquistado por Jesus Cristo, independente do grau que tinha alcançado, se importava em prosseguir decididamente (cf. Fil 3, 12-16). Portanto, podia dizer: “pela graça de Deus, sou o que sou, e a graça que ele me deu não tem sido inútil” (I Cor 15,10). Paulo era livre! Vivia uma liberdade fascinante! Uma liberdade madura que não se deixa inflar pelo orgulho e pela vaidade, mas ao mesmo tempo não se deixa prender pela falsa humildade, nem pela hipocrisia e muito menos pela mediocridade. Ele não era escravo em suas emoções e afetos, mas se fez servo de todos (cf. I Cor 9,19). Conhecendo-se profundamente, reconhecia que era o primeiro dos pecadores (cf. I Tm 1,15). Sabendo de suas fraquezas, se alegrava nelas, pois sabia que justamente por elas a força de Jesus habitava em sua vida. Bastava-lhe a graça de seu Senhor (cf. II Cor 12,9). Por essa graça, hoje, depois de ter combatido o bom combate, no céu já foi coroado pelo justo juiz (cf. II Tm 4, 7-8).

A vida desse pequeno gigante da fé me faz desejar perseguir, o máximo que me é possível, uma de suas orientações que diz: "Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo." (I Cor 11,1). E como esta orientação é bíblica, sabemos perfeitamente que é, antes de tudo, Palavra de Deus. Portanto, não é difícil concluir que alguém indicado por Deus deve ser alvo de nossa admiração.

Mas quem é Paulo para que o próprio Deus recomende que o imitemos? O Senhor mesmo concede a resposta quando em conversa com Ananias envia-o ao então Saulo dizendo: "Vai, porque este homem é para mim um instrumento escolhido, que levará o meu nome diante das nações, dos reis e dos filhos de Israel." (At 9, 15). Deus diz que Paulo é antes de tudo um homem, um ser humano como qualquer um de nós. Se a vida do Apóstolo dos Gentios nos encanta, mais ainda devemos nos encantar com o Deus que realizou toda esta obra, e que continua fazendo de nós homens alvos do Seu amor incondicional.

São Paulo Apóstolo, rogai por nós!


Paz e Bem.


Alexandre Bastos,
Fundador da Comunidade Católica Pequeno Rebanho

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