Falando sobre sexualidade e afetividade - Fecundidade em Deus e a Castidade

“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine... sobre toda terra... Deus... criou o homem e mulher. Deus os abençoou: Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos...” (Gn 1,26-28).

Deus, em Seu amor e misericórdia, quis criar o homem e a mulher com uma honra que não é encontrada em nenhuma outra de Suas obras. Originalmente, o homem e a mulher foram criados a imagem e a semelhança Deus. Realidade que foi manchada pelo pecado, mas que Jesus veio restaurar. A partir de então, os nascidos em Cristo, são chamados a viver a pureza de sua origem.

“Frutificai... e multiplicai-vos...” (Gn 1,28). É importante notarmos que a primeira ordem dada por Deus aos homens é um direcionamento voltado para fecundidade. Esta fecundidade não tem outra fonte se não o próprio Deus que, porque é infinitamente fecundo, cria.

No mistério da Santíssima Trindade, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, se relacionam em perfeito amor, doação e comunhão. Baseado na realidade do Mistério da Santíssima Trindade o Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “Deus é amor e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Criando-a à sua imagem... Deus inscreve na humanidade do homem e da mulher a vocação, e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão” (CIC 2331).

A Igreja entende que a sexualidade não se encerra somente nas genitálias, não está restrito somente ao ato sexual, mas “a sexualidade afeta todos os aspectos da pessoa humana, na sua unidade de corpo e alma. Diz respeito particularmente à capacidade de amar e de procriar e, de uma maneira mais geral, à aptidão a criar vínculos de comunhão com os outros” (CIC 2332).

O pensamento do mundo somente valoriza o físico, o corpo. Já a Igreja, diferente do mundo, sabe que é necessário considerar o homem em sua totalidade, em sua plenitude. Por isso, afirma que “todo batizado é chamado à castidade” (CIC 2348), pois, a castidade “significa a integração correta da sexualidade na pessoa e com isso a unidade interior do homem em seu ser corporal e espiritual” (CIC 2337), ou seja, a castidade também considera o homem como ser espiritual e não somente como ser corporal, e por isso é o caminho correto, caminho que reconhece a verdadeira importância física e biológica da sexualidade, mas submetendo-a a vontade de Deus.

Nosso Catecismo ainda diz que “todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta segundo o seu específico estado de vida” (CIC 2348), onde os namorados e noivos são convidados a viver a castidade na continência, reservando para o tempo do casamento às manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Os consagrados religiosos são convidados a viver a castidade na virgindade ou no celibato, maneira eminente de se dedicar a Deus com um coração indiviso. Já as pessoas casadas são convidadas a viver a castidade conjugal, ou seja, a fidelidade, pois pela união dos esposos realiza-se o duplo fim do matrimônio: o bem dos cônjuges na complementaridade e a transmissão da vida. Assim o amor conjugal entre o homem e a mulher abençoados pelo sacramento do matrimônio deve ser vivido em fidelidade, comunhão e aberta para multiplicação, ou seja, aberta para a procriação.

Portanto, somos chamados a participar da fecundidade de Deus, a participarmos de Sua obra criadora, mas de forma responsável e a castidade é um presente que o Senhor nos concede para vivermos a santidade em nossa afetividade e sexualidade. Que saibamos receber nossa sexualidade como bênção de Deus. “Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo” (I Cor 6, 20b). Amém!

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