A alegria da vocação

Atualmente, numa sociedade de modo geral movida simplesmente pelo deleite, seja ele qual for e custe o que custar; onde muitas pessoas querem apenas curtir na vida, mas não sabem curtir a vida.  Poucos são aqueles que se questionam procurando conhecer o “por que” e o “pra que” estamos aqui.
Penso que o “por que” é mais fácil de responder. Somos parte de um maravilhoso plano de amor de Deus. Não somos frutos do acaso, mas já estávamos desde a eternidade nos projetos do Pai. O “pra que”, a princípio também é fácil, Deus nos criou para participarmos do seu Amor. A questão é que existem muitas formas de participarmos desse amor e cada um de nós é chamado a vivê-lo de um modo diferente.
A vocação consiste justamente nisso, é Deus que nos chama a viver no seu amor de um modo muito específico. Alguns são chamados ao matrimônio; outros são chamados à vida consagrada; alguns são chamados como leigos e leigas a se santificarem aí onde se encontram, no meio do mundo; outros são chamados ao sacerdócio.
O mais importante para nós cristãos é que entendamos que descobrir o “pra que” estamos nessa vida, descobrir qual é a nossa vocação, não é uma questão indiferente, algo que apenas pode ser ou não ser sem mudar muita coisa, mas, é justamente ao contrário, se trata de algo fundamental.
Diz um velho ditado, “vocação acertada, vida feliz”. Se procuramos com sinceridade a nossa vocação, o caminho para o qual o Senhor nos chama, e o seguimos, aí sim, somos felizes.
Na segunda-feira passada, dia seis de agosto, festa de Transfiguração do Senhor, onze padres e eu, tivemos a alegria de celebrarmos nosso primeiro ano como sacerdotes. Acho que eu ainda não posso falar de uma experiência em sentido absoluto, pois sei que ainda temos muito para aprender, mas pelo menos um pouquinho do que é ser sacerdote, Deus permitiu que nós vivêssemos ao longo desse ano.
Posso dizer, com toda a certeza que sou muito feliz como padre e confesso que não consigo me imaginar fazendo outra coisa; não por incapacidade, mas pelo amor que tenho pelo ser padre.
Contei certa vez para alguns seminaristas que durante o período de formação, no seminário, nós imaginamos como devem ser boas, realmente prazerosas, as diversas atividades de um sacerdote. E a verdade é que depois de ordenado, percebi que são muito mais do que simplesmente boas, são maravilhosas.
Que alegria poder derramar um pouco de água na cabeça de uma criança ou de um adulto e saber que a partir daquele momento essa pessoa passa a ser filha ou filho de Deus e ganha uma vida totalmente nova.
Nada se compara a poder ver a felicidade de um filho de Deus que depois de haver estado um pouco afastado, agora pelo sacramento da confissão, volta à comunhão com o Pai do céu. Incomparável
É inexplicável a alegria de poder alimentar os irmãos e irmãs com o Corpo e o Sangue de Cristo; de fortalecê-los com a Palavra e de animá-los na caminhada.
Nada se compara a poder assistir, ajudar e acompanhar um irmão doente e perceber ao mesmo tempo a fé e o carinho que ele nos transmite.
Como explicar a alegria de se fazer presente, transmitindo a bênção de Deus, em um dos momentos mais importantes da vida de um homem e de uma mulher.
É claro que para muitos, tudo isso que acabei de contar, mais do que como uma simples experiência, mas abrindo de verdade o coração, pode parecer algo sem sentido, algo incompreensível para ele. Porém, para mim é a razão da minha felicidade, é a minha alegria, pois é a minha vocação.
Que nesse mês que estamos iniciando, período em que de modo especial a Igreja nos convida a rezarmos pelas vocações, também nós peçamos ao Senhor nosso Deus que ajude aos nossos irmãos e irmãs e nos ajude também a descobrirmos cada vez mais o chamado, o convite, a vocação que ele nos deu, para que assim possamos com o coração realizado vivermos felizes no amor de Deus.


Pe Thiago de Carvalho Humelino
Vigário Paroquial da Paróquia da Ressurreição  
Rio de Janeiro (RJ)

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